Meus irmãos,
Escrevo umas breves linhas sobre a acta da pré-fundação do movimento. Como a maior parte já deve conhecê-la bem não serei demasiado longo nos meus comentários.
Pretendo nos próximos tempos, naquilo que o meu conhecimento me permite, escrever algumas considerações sobre os primeiros documentos e também os primeiros tempos de Schoenstatt. Em Outubro próximo faremos 100 anos de história e é expectável que muita vida surja nos nossos corações, nos corações daqueles que hoje, mais ou menos conscientes, somos a geração que deve e quer dar continuidade à história da primeira Aliança de Amor.
Escrevo umas breves linhas sobre a acta da pré-fundação do movimento. Como a maior parte já deve conhecê-la bem não serei demasiado longo nos meus comentários.
Pretendo nos próximos tempos, naquilo que o meu conhecimento me permite, escrever algumas considerações sobre os primeiros documentos e também os primeiros tempos de Schoenstatt. Em Outubro próximo faremos 100 anos de história e é expectável que muita vida surja nos nossos corações, nos corações daqueles que hoje, mais ou menos conscientes, somos a geração que deve e quer dar continuidade à história da primeira Aliança de Amor.
Para os que conhecem com mais detalhe algumas das reflexões do Padre Kentenich (PK), fundador do movimento, sabem quão actuais estas são… Afinal, se não formos nós a desafiá-las na procura incessante pela verdade para nós e para toda a sociedade, então quem o fará? Não pretendo soar como um entusiasta vazio ou superficial mas como alguém que se convence, cada vez mais, pela experiência curta mas intensa, na medida em que é vivida, da relevância de Schoenstatt para o presente e futuro da Igreja e das civilizações do mundo!
Numa conferência em que durante vários dias aprofundava o tema da infância espiritual – a capacidade de ser verdadeiramente filho diante de Deus – o PK sugeria que o grande problema do homem moderno era a “espantosa falta de acolhimento”. As sociedades do progresso e da liberdade sofriam, sem capacidade de executar tal diagnóstico, do vazio da incompreensão, do deslocamento, do sentimento angustiante de não se sentir acolhidos, bem-vindos na comunidade. Este pensamento torna-se, talvez, menos abstracto ao olharmos para o nosso tempo, para a experiência própria e das pessoas com quem convivemos. Vivemos num mundo em que muito se luta pela aceitação e pela integração, muitas vezes desprezando até o que temos de mais natural e genuíno em nós.
Desde 1911 o PK era professor de latim dos seminaristas palotinos alemães e é desafiado a assumir, no começo do novo ano escolar, o cargo de director espiritual do colégio. O desafio era especialmente difícil pois havia na altura um grande descontentamento por parte dos alunos que viviam, devido à necessidade de infra-estruturas das tropas alemãs, todos juntos numa casa onde as regras disciplinares eram muito rigorosas e austeras. A ânsia de liberdade tinha, nos últimos meses, provocado no corpo estudantil diversas manifestações, o que levou a direcção do colégio a realizar o pedido de acompanhamento dos jovens ao PK, depois de outras das opções terem sido afastadas.
O ainda recém-ordenado PK assumiu a tarefa confiante que teria que ser vontade de Deus e a 27 de Outubro de 1912, no início desse ano escolar, preparou a primeira conferência com todos os anos. O texto que estamos a comentar é precisamente a acta dessa primeira conferência. Conhecido o contexto proponho relermos a acta com calma. Permitam-me que realce apenas três aspectos que me parecem de extrema importância:
· Em primeiro lugar, a experiência de acolhimento que terão sentido os alunos ao escutar estas palavras do seu novo confessor e, sobretudo, na experiência posterior que tiveram com ele e que deu vida a estas simples palavras. Desde o início o PK disse que se punha ao caminho com eles, que ali estava para os ajudar e, não detendo para si a verdade sobre as coisas e muito menos sobre a vida de cada um deles, dispunha-se a caminhar, ao seu lado, mas com convicção, com determinação para os conduzir a novos lugares de conhecimento e realização. O programa que apresenta é assumido por ele desde o início, e é nessa entrega generosa e focada no melhor interesse dos seus alunos que o PK conquista a sua confiança.
· Depois, a força do programa que não vou comentar, não deixando porém de salientar: “Sob protecção de Maria, auto-educar-nos como personalidades firmes, livres e sacerdotais!”
· Por fim, a ideia que da auto-educação, explícita no programa sugerido, que vem da reflexão feita sobre os avanços exteriores do homem, a todos os níveis, que não encontram ecos de igual progresso no encontro da própria identidade, na descoberta dos mistérios mais fundos da alma do homem. Reconhecia o perigo de todo o tipo de avanços científicos que não fossem dominados pelo homem auto-consciente, firme da sua existência e dignidade e, claro, profundamente enraizado numa experiência filial com Deus, seu Criador e do mundo. A sua preocupação, novamente tão actual, era o domínio do homem pelos seus próprios avanços.
Desafio-nos a lermos este documento e outros do PK, nomeadamente um recente tradução do livro “Nem Vision, New Live” que relata os primeiros anos do movimento.
Era bom se até Outubro 2014 conseguíssemos revisitar todos estes documentos com a profundidade que merecem pois os jubileus despertam, muitas vezes, as vivências que lhes deram origem.
Boas leituras, bom trabalho!
Pedro
Numa conferência em que durante vários dias aprofundava o tema da infância espiritual – a capacidade de ser verdadeiramente filho diante de Deus – o PK sugeria que o grande problema do homem moderno era a “espantosa falta de acolhimento”. As sociedades do progresso e da liberdade sofriam, sem capacidade de executar tal diagnóstico, do vazio da incompreensão, do deslocamento, do sentimento angustiante de não se sentir acolhidos, bem-vindos na comunidade. Este pensamento torna-se, talvez, menos abstracto ao olharmos para o nosso tempo, para a experiência própria e das pessoas com quem convivemos. Vivemos num mundo em que muito se luta pela aceitação e pela integração, muitas vezes desprezando até o que temos de mais natural e genuíno em nós.
Desde 1911 o PK era professor de latim dos seminaristas palotinos alemães e é desafiado a assumir, no começo do novo ano escolar, o cargo de director espiritual do colégio. O desafio era especialmente difícil pois havia na altura um grande descontentamento por parte dos alunos que viviam, devido à necessidade de infra-estruturas das tropas alemãs, todos juntos numa casa onde as regras disciplinares eram muito rigorosas e austeras. A ânsia de liberdade tinha, nos últimos meses, provocado no corpo estudantil diversas manifestações, o que levou a direcção do colégio a realizar o pedido de acompanhamento dos jovens ao PK, depois de outras das opções terem sido afastadas.
O ainda recém-ordenado PK assumiu a tarefa confiante que teria que ser vontade de Deus e a 27 de Outubro de 1912, no início desse ano escolar, preparou a primeira conferência com todos os anos. O texto que estamos a comentar é precisamente a acta dessa primeira conferência. Conhecido o contexto proponho relermos a acta com calma. Permitam-me que realce apenas três aspectos que me parecem de extrema importância:
· Em primeiro lugar, a experiência de acolhimento que terão sentido os alunos ao escutar estas palavras do seu novo confessor e, sobretudo, na experiência posterior que tiveram com ele e que deu vida a estas simples palavras. Desde o início o PK disse que se punha ao caminho com eles, que ali estava para os ajudar e, não detendo para si a verdade sobre as coisas e muito menos sobre a vida de cada um deles, dispunha-se a caminhar, ao seu lado, mas com convicção, com determinação para os conduzir a novos lugares de conhecimento e realização. O programa que apresenta é assumido por ele desde o início, e é nessa entrega generosa e focada no melhor interesse dos seus alunos que o PK conquista a sua confiança.
· Depois, a força do programa que não vou comentar, não deixando porém de salientar: “Sob protecção de Maria, auto-educar-nos como personalidades firmes, livres e sacerdotais!”
· Por fim, a ideia que da auto-educação, explícita no programa sugerido, que vem da reflexão feita sobre os avanços exteriores do homem, a todos os níveis, que não encontram ecos de igual progresso no encontro da própria identidade, na descoberta dos mistérios mais fundos da alma do homem. Reconhecia o perigo de todo o tipo de avanços científicos que não fossem dominados pelo homem auto-consciente, firme da sua existência e dignidade e, claro, profundamente enraizado numa experiência filial com Deus, seu Criador e do mundo. A sua preocupação, novamente tão actual, era o domínio do homem pelos seus próprios avanços.
Desafio-nos a lermos este documento e outros do PK, nomeadamente um recente tradução do livro “Nem Vision, New Live” que relata os primeiros anos do movimento.
Era bom se até Outubro 2014 conseguíssemos revisitar todos estes documentos com a profundidade que merecem pois os jubileus despertam, muitas vezes, as vivências que lhes deram origem.
Boas leituras, bom trabalho!
Pedro