O Concílio Vaticano II constituiu uma dádiva do Espírito à sua Igreja. É por este motivo que permanece como um evento fundamental não só para compreender a história da Igreja no fim do século mas também, e sobretudo, para verificar a presença permanente do Ressuscitado ao lado da sua Esposa no meio das vicissitudes do mundo. Mediante a Assembleia conciliar, (...) pôde-se constatar que o património de dois mil anos de fé se conservou na sua originalidade autêntica.
Beato João Paulo II
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo
Como qualquer católico que se preze sabe, o Papa Bento XVI proclamou para os próximos meses, através da Carta Apostólica Porta Fidei, um ano de especial graças onde somos convidados a “redescobrir o caminho da fé para fazer brilhar, com evidência sempre maior, a alegria e o renovado entusiasmo do encontro com Cristo” (Porta Fidei). Este é o Ano da Fé que se inicia já nesta quinta-feira dia 11 de Outubro de 2012 em Roma! Só a título de curiosidade, não é o primeiro ano extraordinário que o Papa Bento convoca... Já é o terceiro! Relembramos o Ano Paulino em 2008-2009 e o Ano Sacerdotal em 2009-2010.
Apesar deste tema ser muito interessante, a nossa reflexão de hoje vai-se voltar para outro evento importantíssimo que está intrinsecamente ligado ao Ano da Fé: o Concílio Vaticano II (CV II).
Na Igreja não se escolhem datas ao acaso, tudo tem o seu significado. E por isso, o início do Ano da Fé marcado para 11 de Outubro de 2012 é um sinal muito importante para aquilo que o Papa pretende com este ano. Foi pois no dia 11 de Outubro de 1962 que o Beato Papa João XXIII abriu solenemente na Basílica de São Pedro o CV II na presença de milhares de bispos do mundo inteiro. A próxima quinta-feira marca então os 50 anos da abertura desse Concílio tão importante para a história da Igreja. Mas o que é na verdade esse Concílio? Que mudanças trouxe? Porque é que ainda se fala tanto dele hoje em dia? São estas algumas das perguntas que iremos tentar responder muito brevemente.
Convocado pelo Papa João XXIII em 1961 através da Constituição Apostólica Humanae Salutis, o CV II foi um Concílio Ecumênico que teve o objectivo de "promover o incremento da fé católica e uma saudável renovação dos costumes do povo cristão, e adaptar a disciplina eclesiástica às condições do nosso tempo" (Humanae Salutis).
À luz da Humanae Salutis, podemos logo tirar a primeira ideia da nossa reflexão e esclarecer um ponto muito importante: o CV II foi antes de tudo um Concílio Pastoral. Isto é, o Concílio não tinha como objectivo uma ruptura com a Tradição da Igreja Católica dita totalmente desactualizada nem proclamar nenhum dogma novo; pelo contrário, visava dar uma nova orientação pastoral à Igreja e uma nova forma de apresentar e explicar os dogmas católicos ao mundo moderno e de levar a mensagem de Jesus ao mundo, sendo sempre fiel à Tradição. A palavra italiana “aggiornamento” que significa “actualização” foi o termo utilizado durante o Concílio para popularizar esse desejo da Igreja Católica. O próprio Papa João XXIII afirmou que "o que mais importa ao Concílio Ecumênico é o seguinte: que o depósito sagrado da doutrina cristã seja guardado e ensinado de forma mais eficaz".
O CV II durou quatro anos, mas os participantes não estiveram sempre todos reunidos durante esse tempo. Os trabalhos realizavam-se em pequenas comissões que tinham a tarefa de escrever os textos que depois seriam propostos e discutidos na assembleia dos bispos de modo a serem posteirormente aprovados. Tanto tempo demorou este Concílio que o seu “pai”, o Papa João XXIII, morreu a meio deixando ao seu sucessor, o Papa Paulo VI, a tarefa de o concluir.
Em 1965, na conclusão do CV II a Igreja foi enriquecida por 4 Constituições Apostólicas, 3 Declarações e 9 Decretos frutos de todos os trabalhos conciliares. Estes documentos fazem integralmente parte do Magistério da Igreja e têm que ser aceites por todos os católicos com a mesma validade do que aqueles que foram produzidos em Concílios anteriores. Apesar da riqueza de todos os documentos, há 4 que são de realçar pela sua importância: as Constituições Apostólicas. Todos nós as devemos ler e reler, como o Papa Bento XVI nos pede, de modo a sabermos a verdade do Concílio. A primeira Constituição, Dei Verbum, trata da Revelação Divina através da Sagrada Escritura. Lembramos que há duas fontes de Revelação na Igreja, ambas com o mesmo valor: a Sagrada Escritura e a Tradição. A segunda Constituição, Lumen Gentium, vem-nos esclarecer sobre a natureza da Igreja e a sua constituição. A terceira, Sacrosanctum Concilium, trata da importância da Sagrada Liturgia e do modo como deve ser encarada (recomenda-se muito a leitura). Finalmente, a Gaudium et Spes é uma constituição pastoral sobre a Igreja no mundo actual. Estas 4 Constituições são os pilares do CV II e a sua chave de compreensão; não se pode falar sobre o Concílio sem as ter lido.
O CV II foi um dom de Deus. Bem aplicado, o Concílio pretendia permitir à Igreja enfrentar com nova força os desafios da era moderna. Infelizmente, nos anos que se seguiram, a ala liberal daqueles que dizem pertecer à Igreja mas que mais parecem ser instrumentos do demónio, aproveitou a ocasião para transformar os ensinamentos do Concílio num “tudo é permitido”. Começando pela falta de obediência, tudo se foi descontrolando cada vez mais desde a banalização da Liturgia e dos Sacramentos aos sacerdotes e bispos que deixaram de ser sinal de Deus no mundo e à contestação, insurreição e ataques de dentro da Igreja. Todas as atrocidades que se viram e que se vêem na Igreja pós-conciliar eram e são justificadas pelo dito “espírito do Concílio”. As pessoas não souberam, ou não quiseram, interpretar o Concílio à verdadeira luz da fé, o que levou a uma triste era de dissidência.
O CV II tem que ser lido e interpretado na hermenêutica da continuidade com a Tradição. Temos hoje em dia necessidade de fazer a “reforma da reforma “. Esse esforço é perfeitamente visível ao longo do pontificado do Papa Bento XVI, sobretudo a nível da Liturgia para fazer frutificar o verdadeiro património do CV II na actual situação da Igreja. O desafio pela frente é reparar os males que foram feitos e voltar a definir o caminho, iluminado pelo Santa Igreja, que conduz a Deus.
Demos graças a Deus pelo Santo Padre e rezemos para que nos continue a guiar nestes tempos em que a Igreja ganha um novo vigor para renascer e tornar-se a verdeira Luz para o mundo. Rezemos também pelos nossos bispos e sacerdotes para que possam ter sempre a humildade suficiente para serem obedientes à Santa Igreja e reconhecer nos seus ensinamentos a única verdade anunciada por Jesus Cristo. Peçamos para isso ajuda à Virgem Santíssima, Mãe da Igreja e nossa Mãe.
Nos cum prole pia, benedicat Virgo Maria
Beato João Paulo II
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo
Como qualquer católico que se preze sabe, o Papa Bento XVI proclamou para os próximos meses, através da Carta Apostólica Porta Fidei, um ano de especial graças onde somos convidados a “redescobrir o caminho da fé para fazer brilhar, com evidência sempre maior, a alegria e o renovado entusiasmo do encontro com Cristo” (Porta Fidei). Este é o Ano da Fé que se inicia já nesta quinta-feira dia 11 de Outubro de 2012 em Roma! Só a título de curiosidade, não é o primeiro ano extraordinário que o Papa Bento convoca... Já é o terceiro! Relembramos o Ano Paulino em 2008-2009 e o Ano Sacerdotal em 2009-2010.
Apesar deste tema ser muito interessante, a nossa reflexão de hoje vai-se voltar para outro evento importantíssimo que está intrinsecamente ligado ao Ano da Fé: o Concílio Vaticano II (CV II).
Na Igreja não se escolhem datas ao acaso, tudo tem o seu significado. E por isso, o início do Ano da Fé marcado para 11 de Outubro de 2012 é um sinal muito importante para aquilo que o Papa pretende com este ano. Foi pois no dia 11 de Outubro de 1962 que o Beato Papa João XXIII abriu solenemente na Basílica de São Pedro o CV II na presença de milhares de bispos do mundo inteiro. A próxima quinta-feira marca então os 50 anos da abertura desse Concílio tão importante para a história da Igreja. Mas o que é na verdade esse Concílio? Que mudanças trouxe? Porque é que ainda se fala tanto dele hoje em dia? São estas algumas das perguntas que iremos tentar responder muito brevemente.
Convocado pelo Papa João XXIII em 1961 através da Constituição Apostólica Humanae Salutis, o CV II foi um Concílio Ecumênico que teve o objectivo de "promover o incremento da fé católica e uma saudável renovação dos costumes do povo cristão, e adaptar a disciplina eclesiástica às condições do nosso tempo" (Humanae Salutis).
À luz da Humanae Salutis, podemos logo tirar a primeira ideia da nossa reflexão e esclarecer um ponto muito importante: o CV II foi antes de tudo um Concílio Pastoral. Isto é, o Concílio não tinha como objectivo uma ruptura com a Tradição da Igreja Católica dita totalmente desactualizada nem proclamar nenhum dogma novo; pelo contrário, visava dar uma nova orientação pastoral à Igreja e uma nova forma de apresentar e explicar os dogmas católicos ao mundo moderno e de levar a mensagem de Jesus ao mundo, sendo sempre fiel à Tradição. A palavra italiana “aggiornamento” que significa “actualização” foi o termo utilizado durante o Concílio para popularizar esse desejo da Igreja Católica. O próprio Papa João XXIII afirmou que "o que mais importa ao Concílio Ecumênico é o seguinte: que o depósito sagrado da doutrina cristã seja guardado e ensinado de forma mais eficaz".
O CV II durou quatro anos, mas os participantes não estiveram sempre todos reunidos durante esse tempo. Os trabalhos realizavam-se em pequenas comissões que tinham a tarefa de escrever os textos que depois seriam propostos e discutidos na assembleia dos bispos de modo a serem posteirormente aprovados. Tanto tempo demorou este Concílio que o seu “pai”, o Papa João XXIII, morreu a meio deixando ao seu sucessor, o Papa Paulo VI, a tarefa de o concluir.
Em 1965, na conclusão do CV II a Igreja foi enriquecida por 4 Constituições Apostólicas, 3 Declarações e 9 Decretos frutos de todos os trabalhos conciliares. Estes documentos fazem integralmente parte do Magistério da Igreja e têm que ser aceites por todos os católicos com a mesma validade do que aqueles que foram produzidos em Concílios anteriores. Apesar da riqueza de todos os documentos, há 4 que são de realçar pela sua importância: as Constituições Apostólicas. Todos nós as devemos ler e reler, como o Papa Bento XVI nos pede, de modo a sabermos a verdade do Concílio. A primeira Constituição, Dei Verbum, trata da Revelação Divina através da Sagrada Escritura. Lembramos que há duas fontes de Revelação na Igreja, ambas com o mesmo valor: a Sagrada Escritura e a Tradição. A segunda Constituição, Lumen Gentium, vem-nos esclarecer sobre a natureza da Igreja e a sua constituição. A terceira, Sacrosanctum Concilium, trata da importância da Sagrada Liturgia e do modo como deve ser encarada (recomenda-se muito a leitura). Finalmente, a Gaudium et Spes é uma constituição pastoral sobre a Igreja no mundo actual. Estas 4 Constituições são os pilares do CV II e a sua chave de compreensão; não se pode falar sobre o Concílio sem as ter lido.
O CV II foi um dom de Deus. Bem aplicado, o Concílio pretendia permitir à Igreja enfrentar com nova força os desafios da era moderna. Infelizmente, nos anos que se seguiram, a ala liberal daqueles que dizem pertecer à Igreja mas que mais parecem ser instrumentos do demónio, aproveitou a ocasião para transformar os ensinamentos do Concílio num “tudo é permitido”. Começando pela falta de obediência, tudo se foi descontrolando cada vez mais desde a banalização da Liturgia e dos Sacramentos aos sacerdotes e bispos que deixaram de ser sinal de Deus no mundo e à contestação, insurreição e ataques de dentro da Igreja. Todas as atrocidades que se viram e que se vêem na Igreja pós-conciliar eram e são justificadas pelo dito “espírito do Concílio”. As pessoas não souberam, ou não quiseram, interpretar o Concílio à verdadeira luz da fé, o que levou a uma triste era de dissidência.
O CV II tem que ser lido e interpretado na hermenêutica da continuidade com a Tradição. Temos hoje em dia necessidade de fazer a “reforma da reforma “. Esse esforço é perfeitamente visível ao longo do pontificado do Papa Bento XVI, sobretudo a nível da Liturgia para fazer frutificar o verdadeiro património do CV II na actual situação da Igreja. O desafio pela frente é reparar os males que foram feitos e voltar a definir o caminho, iluminado pelo Santa Igreja, que conduz a Deus.
Demos graças a Deus pelo Santo Padre e rezemos para que nos continue a guiar nestes tempos em que a Igreja ganha um novo vigor para renascer e tornar-se a verdeira Luz para o mundo. Rezemos também pelos nossos bispos e sacerdotes para que possam ter sempre a humildade suficiente para serem obedientes à Santa Igreja e reconhecer nos seus ensinamentos a única verdade anunciada por Jesus Cristo. Peçamos para isso ajuda à Virgem Santíssima, Mãe da Igreja e nossa Mãe.
Nos cum prole pia, benedicat Virgo Maria