Ultimamente tenho tido conversas com amigos, padres e outros seres e deparei-me com uma questão que nunca tinha passado pela minha cabeça. Será que existe Jesus no meio de uma noitada em Santos/Cais do Sodré? É uma pergunta que facilmente respondemos afirmativamente e até nalgum momento de maior confiança afirmamos que nós mesmo mostramos o rosto de Jesus na noite através dos nossos actos e exemplos. E quão verdade é! Eu posso ir a Lisboa beber uns copos tranquilos, ir depois para o nabrU com uma malta fixe onde me porto bem, não apanho “uma narsa” e assim mostro a toda a gente que me rodeia que se pode viver a noite de uma maneira “normal” e principalmente de uma maneira católica.
Apesar desta resposta na ponta da língua, que é bastante fácil de dizer e de entender, fui forçado a ir mais longe e a arranjar um argumento mais sólido durante uma de estas “discussões” mas isso tornou-se mais difícil e houve certas duvidas que nasceram dentro do meu coração:
1. Será que quando estou no nabrU a portar-me dignamente e a mostrar um bom exemplo há alguém sequer a olhar para mim? Há alguém sequer que mude por minha causa? Ou está cada um na sua (ou com a sua, a de outro, etc) e não querem nem saber ou nem se apercebem do exemplo que estou a dar?
2. Quão missionário posso ser na noite? O que eu faço no nabrU para sê-lo? Ou será que eu próprio estou no meu grupo de amigos fechado e depois uso o argumento do exemplo para me sentir melhor?
3. O facto de à minha volta só existe pecado e eu o ignorar não faz de mim desinteressado pelo próximo ao ponto de vê-los pecar sem eu agir e eu próprio ajudar a instituição que oferece este serviço (monetariamente e com a minha presença)?
4. Dentro de o auto-conhecimento de cada um, mas até que ponto é que ir para um lugar de pecado é o estar-me a meter-me numa posição de risco e de tentação que me poderá levar-me a pecar também?
Eu avisei que ia ser polémico. As minhas principais dúvidas antes de estes quatro pontos acima referidos eram algo como “mas porque e que o nabrU tem pecado?”, “eu só vou lá ouvir boa música e estar com amigos!”, “e então devemos estar a fugir de todos os sítios com pecado? É impossível!”, “agora não é preciso dar o exemplo aos outros?” etc etc.
As respostas não foram fáceis de ouvir - mesmo nada fáceis – mas percebi a certa altura que faziam sentido. Pecado, porque tudo à volta fomenta o pecado. O álcool a mais, os “lambozanços”, o uso de outras pessoas de todas as formas possíveis e no fundo isto é a razão para as quais 75% das pessoas irem.
Apesar de quando vou, ir pelo grupo de amigos, não o conseguia aproveitar melhor outro sitio mais tranquilo para estar com esse meu grupo de amigos? Um sitio também com musica e uns copos mas que não fosse o descontrolo que estes grandes sítios são.
Num exemplo mais extremo podemos ir a um bar de strip com amigos só beber um copo, sem olhar para mais nada e até sermos um bom exemplo. Mas será que isso fazia sentido visto haver tanto pecado à nossa volta?
O exemplo foi o tema mais engraçado que suguei nisto pois o exemplo, que achava que eu dava em ir, pode ser mais fraco do que o exemplo que posso dar em não ir. Quão chocante seria se de repente num grupo de amigos alguém que vá aos copos e a tudo não vá depois sair (ir a uma discoteca). Dava que pensar a todos não é?
Mas não. Não é nada fácil perceber este tema e muito menos ter a força de deixar isto. Que por sermos católicos temos de deixar uma coisa que tanto gostamos, e que até a fazíamos de maneira correcta, porque as pessoas a voltam não o sabem fazer. Que injusto que é! Mas se calhar temos de ser humildes e ter força.
Concluindo este tema, fica no ar a grande duvida de se faz sentido ou não um católico ir ao nabrU e a todos os outros sítios até piores que este. E se não faz, qual a solução que podemos retirar deste problema? Como podemos responder a este desafio que Jesus nos chama?
Resta pedir que rezem pelas pessoas que pecam e que se arrependem nestes sítios que são muito mais do que imaginamos. E também por mim para que seja forte e consiga lutar para não ir a estes sítios que como pecador que sou será difícil.
“Ser humilde não significa ser fraco, mas sim ser forte. Significa vencer o mundo!” Pe K